Hospital Amaral Carvalho implementa Serviço de Transplante Hepático
2 de junho de 2025
O Hospital Amaral Carvalho promoveu no dia 30 de maio a cerimônia de implementação do Serviço de Transplante Hepático. A iniciativa conta com a parceria da equipe da BenHurMD, um dos principais centros de transplantes de fígado da América Latina.
O transplante de fígado no Brasil é um serviço essencial de saúde, com cerca de 95% dos casos realizados pelo Sistema Único de Saúde. Segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), foram realizados 2.449 procedimentos do tipo no ano passado, maior número já registrado.
Mas, se por um lado, aumenta o número de transplantes, a lista de espera também é ainda grande. “Estima-se que precisaríamos realizar o dobro do que realizamos no Brasil por ano para dar conta da necessidade”, comenta o médico Ben-Hur Ferraz Neto, que agora integra a equipe do HAC nesse projeto.
“O Hospital Amaral Carvalho é referência no Transplante de Medula Óssea, então já realiza procedimentos de alta complexidade. Sendo assim, já existe estrutura necessária e equipe habituada com essa cultura”, explica.
A diretoria de Desenvolvimento em Saúde, Cristina Moro, acrescenta que o HAC tem investido e avançado em alta complexidade e procurado oportunidades de desenvolvimento dentro dessa área que pudessem proporcionar melhores resultados para os pacientes oncológicos. “Nós temos tecnologia, temos equipe, o que faltava era a parceria com o instituto que nos auxiliasse com os critérios para desenvolver esse serviço com qualidade e segurança e para que este seja consolidado e atenda aos brasileiros que precisem”.
De acordo com a enfermeira responsável pelo projeto, Marília Souza Leite de Mattos, o novo serviço exige protocolos específicos com fluxos e rotinas rigorosas para avaliação do doador e do receptor a fim de assegurar condições ideais para a cirurgia e garantir um pós-operatório intensivo e monitorado para prevenir rejeição e infecção. “O transplante de fígado acontece de forma emergencial: não há dia nem hora marcada. A partir do momento em que o órgão é disponibilizado, tudo precisa acontecer rapidamente, desde o deslocamento da equipe para a captação até a chegada do paciente ao hospital. Isso exige um nível de prontidão, organização e integração entre as equipes”, ressalta.
Atualmente, a lista de espera para o procedimento é estadual e, em São Paulo, existe ainda a divisão interior. Os pacientes são ranqueados levando em conta a escala MELD, ou seja, o risco de perder a vida em pouco tempo. Quanto maior o risco, mas acima o paciente se encontra. A pontuação varia de 6 a 40 e se baseia nos resultados de diversos exames laboratoriais. Três pacientes já passaram pelo ambulatório do serviço e um deles pode ser um possível candidato ao procedimento.
“O Hospital Amaral Carvalho nasceu, há 100 anos, com o intuito de prestar atendimento a quem precisasse. E levamos isso literalmente até hoje. Com humanização, com olhar acolhedor e com foco em resultados, iniciamos esse novo projeto avaliando que tínhamos capacidade técnica e infraestrutura para isso e com o objetivo de reduzir essa demanda”, afirma o superintendente do HAC, Antonio Navarro.
Desafios
Um dos grandes entraves para o aumento do número de transplantes é o tabu relacionado à doação de órgãos e à conscientização da população. O número de doadores ainda é insuficiente quando comparado ao número de pacientes na lista de espera.
Embora o País tenha registrado o maior número de doadores em 2023, a taxa de doadores efetivos ainda é baixa em comparação com o potencial. A recusa familiar ainda é um desafio para a doação de órgãos. No Brasil, mesmo que a pessoa tenha manifestado em vida o desejo de ser doadora, a decisão final é da família. A conscientização e o diálogo familiar são cruciais para reverter essa situação.
A agilidade no processo de identificação da morte encefálica e na captação de órgãos é um dos maiores desafios a serem enfrentados pelas equipes médicas. Demoras podem inviabilizar a doação. Por esse motivo, mesmo com recordes de transplantes, o País ainda registra metade dos procedimentos que deveria fazer para atender a todos.

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